Nos quatro primeiros meses de 2014, 45 ônibus foram incendiados em protestos no estado do Rio de Janeiro, totalizando um prejuízo superior a de R$ 15 milhões. O valor é maior que investimento feito para construir o Centro de Controle Operacional, ao lado do Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, que vai gerenciar 160 km de vias exclusivas nos quatro BRT´s do Rio de Janeiro. O estrago não é apenas material e não se restringe somente às empresas, os passageiros são diretamente afetados com a retirada de veículos das linhas. O processo de reposição de um ônibus pode levar até 90 dias, desde o pedido à fábrica até o registro do veículo no Detran e na Secretaria Municipal de Transportes. O prejuízo dos consórcios é possível de ser calculado, mas os danos psicológicos causados a motoristas, cobradores e passageiros que estavam nos coletivos na hora em que eles foram incendiados são incalculáveis.
Um motorista de ônibus do Consórcio Internorte, com 24 anos de profissão, conta que viveu momentos de terror quando passava pela rua Ana Neri, perto do Morro da Mangueira, na primeira semana de janeiro. “Foi uma ação muito rápida. Eles entraram no ônibus e foram jogando gasolina. Eu achei que não daria tempo dos cerca de 30 passageiros descerem e pensei que eles iam incendiar o ônibus com a gente dentro. É assustador! Parece que a vida do ser humano não vale nada”, desabafou.
Ocorrências desse tipo levaram a Viação Nossa Senhora de Lourdes, empresa do Consórcio Internorte que teve um ônibus incendiado no começo do ano, a iniciar a campanha Mobilidade em Chamas. 80 cartazes foram instalados nos coletivos da empresa com o objetivo de conscientizar os usuários de que o incêndio nos ônibus é um ato de vandalismo em que os passageiros são os principais prejudicados. “Não existe seguro para ônibus queimado. As pessoas pensam que a seguradora vai colocar outro para rodar no dia seguinte. Os ônibus precisam ser vistos como um patrimônio da cidade, um bem da mobilidade da população”, afirma João Arthur Valente, supervisor de comunicação da Viação Lourdes.
Na empresa Três Amigos, que participa dos consórcios Internorte e Transcarioca, o prejuízo superou R$1 milhão com três ônibus queimados em protestos. O inspetor Flávio Moura conta que os coletivos foram parados a pedradas e golpes com barra de ferro nos vidros. “Um dos nossos motoristas teve muita dificuldade para voltar ao trabalho depois desse episódio. Ele chegou a pedir para sair da linha em que trabalhava há anos. Tivemos que encaminhá-lo ao serviço psicológico para que ele tivesse condições de voltar a dirigir”, declarou.
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