*Durval Goulart
Desde
os tempos imemoriais o ser humano tem recorrido ao uso de drogas para
escapar da realidade e viver um mundo de fantasia. É extremamente
chocante constatar que grandes celebridades do esporte, das artes e de
outras profissões utilizam-se de drogas para conseguir alcançar níveis
de satisfação e produtividade nas suas áreas de atuação. O consumo de
drogas ilícitas vem aumentando substancialmente tornando-se um pesadelo
para a humanidade afetando o relacionamento no âmbito familiar e
provocando repercussões sociais e na saúde dos indivíduos.
As
drogas podem atuar de diferentes maneiras interferindo no comportamento
do individuo; podendo ser alinhadas em estimuladoras, perturbadoras e
depressoras.
As drogas estimulantes aumentam a atividade do
cérebro tornando os usuários mais excitados de com maior capacidade de
resistir ao sono. São muito utilizadas em baladas, nas vésperas de
provas de avaliação, etc. As mais comuns são a nicotina, cafeína,
cocaína e anfetamina.
As drogas perturbadoras
modificam a percepção do cérebro, condicionando o aparecimento de
alucinações e distorções de imagens. Fazem parte desse grupo a maconha,
LSD-25, Santo Daime, cogumelo, cacto, etc.
As
drogas depressoras determinam queda de atividade cerebral tornando as
pessoas alienadas, desmotivadas e hipoativas. O álcool, inalantes,
solventes, ansiolíticos, barbitúricos, ópio, morfina, codeína, heroína,
etc constituem esse extenso grupo.
Outras
drogas estão disponíveis para o consumo, como o ecstasy, o crack, o
narguile, GHB (gamahidroxibutirato, Special K (cetamina), etc e
infelizmente o seu uso está se disseminando nas mais diferentes camadas
sociais da população.
Além dos efeitos
maléficos sobre a saúde do usuário, afetando o corpo e a mente, essas
drogas também prejudicam a fertilidade masculina e feminina. Além do
mais existe uma associação das drogas com doenças sexualmente
transmissíveis tornando o casal mais suscetível a distúrbios
relacionados à obtenção e evolução saudável da gravidez.
As
drogas agem de maneiras diferentes para perturbar a fertilidade tanto
do homem como da mulher. Algumas delas foram melhor estudadas e pode-se
divulgar as avaliações cientificas sobre as mais usadas atualmente.
Maconha:
também chamada marijuana, é a droga recreativa mais utilizada em todo o
mundo. Estima-se que os indivíduos comecem a usá-la na adolescência,
constituindo o maior grupo entre 16 a 24 anos. No entanto a sua
utilização se estende até a 6ª década da vida, demonstrando o alto poder
de dependência que a droga condiciona ao usuário. O principio ativo é o
THC (tetrahidrocannabinol). A sua introdução a partir da adolescência,
após seis meses de uso, com freqüência de 4 vezes por semana, pode
determinar queda da concentração e motilidade dos espermatozóides.
Existe também um declínio de formas normais de espermatozóides, havendo o
risco de lesão do seu DNA danificando os cromossomos. Pode ocorrer
também queda dos níveis de testosterona, com conseqüências adversas
sobre o interesse sexual, e ainda a presença de agentes inflamatórios no
trato genital. Na mulher as repercussões se instalam na função
ovulatória, determinando alterações do ciclo menstrual e dificuldade
para ovular.
O haxixe é derivado da maconha, sendo feito a partir da sua resina,
sendo ainda mais potente que a fonte original. Com freqüência causa
dependência psicológica e repercussões sobre a fertilidade.
Cocaína:
Estima-se que esse psicotrópico seja a segunda droga mais utilizada no
mundo. Age principalmente no sistema nervoso central, causando
dependência psicológica, induzindo o individuo ao consumo compulsivo. As
principais vias de consumo são: inalação, absorção pelas mucosas
(gengivas), intra-venosa. No inicio exalta o desempenho do individuo
dando-lhe um bem estar incrível, porém com o passar do tempo podem
ocorrer efeitos indesejáveis, como agressividade, irritabilidade, falta
de concentração, alucinações, etc. No que tange à fertilidade o homem é
acometido com queda do nº de espermatozóides, alterações de morfologia,
aumento de leucócitos no sêmen e diminuição do desejo sexual. Na mulher
podem aparecer alterações hormonais (aumento da prolactina)
desencadeando problemas com a ovulação.
Heroína e opiáceos: São
derivados de uma planta denominada papoula. Causa dependência
psicológica e física, sendo uma das drogas mais prejudiciais para a
saúde. É consumida sob a forma de um pó branco-amarelado, através da
via nasal (aspiração), fumada e intra-venosa. Os usuários ficam
eufóricos sentindo-se super-heróis. Os efeitos indesejáveis são náuseas,
vômitos, ansiedade, sonolência, lentidão dos reflexos. Após um tempo de
uso pode ocorrer alterações seminais prejudicando o número, a
motilidade e a morfologia dos espermatozóides. Na mulher ocorrem
perturbações do ciclo ovulatório gerando infertilidade ainda queda da
libido.
Ecstasy: Pode ser usado como
tratamento psiquiátrico em quadros selecionados, sendo derivado da
anfetamina. Produz inicialmente sensação de prazer, euforia, leveza,
alegria e sensação de poder seguido depois de comportamento agressivo. É
relativamente nova sendo consumida principalmente em casas noturnas,
levando a dependência física e psicológica. Afeta a fertilidade do
homem diminuindo a libido e a qualidade do sêmen. Na mulher pode levar a
perturbações do ciclo menstrual e diminuir a reserva de óvulos.
Drogas lícitas e infertilidade:
Existem duas drogas incorporadas aos hábitos e comportamento do
individuo que comprovadamente causam malefícios à saúde. Embora
consideradas lícitas podem determinar ao longo do tempo danos
consideráveis ao ser humano. A iniciação ao vicio pode iniciar-se desde a
adolescência e levar a repercussões negativas sobre vários sistemas e
órgãos do organismo. Estamos nos referindo ao tabaco e ao álcool que
compõem um grupo de drogas denominadas recreativas.
Tabaco: Apesar das campanhas publicitárias desencorajando o seu uso estima-se
que no Brasil haja 33,8% de usuários na população masculina e 29,3% das
mulheres; sem levar em conta um enorme contingente de fumantes
passivos. – O tabaco contém 4.000 substancias tóxicas, sendo que 60
delas são cancerígenas. Os efeitos desastrosos sobre o sistema pulmonar
(câncer e enfisema), urinário (câncer de bexiga e próstata), vascular,
ósseo, etc são bastante conhecidos e têm causado grande impacto sobre a
política de saúde. Atualmente a tributação de impostos governamentais
sobre o cigarro chega a 70%, porém isso não tem sido suficiente para
frear o seu uso.
A fertilidade do homem e da
mulher é afetada de forma sorrateira em decorrência da ação tóxica das
inúmeras substâncias que integram o tabaco, que são geradoras de
radicais livres. A mulher fumante pode ter dificuldade para engravidar,
interrupção da gravidez, retardo de crescimento fetal intra-uterino e
recém nascido de baixo peso. Além disso o seu patrimônio de óvulos é
reduzido dramaticamente em decorrência da ação tóxica das substancias do
tabaco e a diminuição do fluxo sanguíneo das artérias que irrigam os
ovários. A fertilidade masculina é afetada devido à ação deletéria das
substâncias tóxicas e dos radicais livres produzindo lesões na membrana e
no DNA dos espermatozóides. Em casos extremos pode ocorrer morte
celular (apoptose) provocando alterações significativas sobre o
patrimônio de espermatozóides. Existe ainda repercussões negativas no
comportamento sexual, sendo a mais freqüente a disfunção de ereção
peniana decorrente de dificuldade de irrigação vascular.
Álcool:
Apesar de ser uma droga lícita, inclusive divulgada com ênfase pelas
agências publicitárias, o álcool tem efeitos devastadores sobre a saúde
do individuo e sobre as suas relações sociais e familiares. O mais
chocante e estarrecedor é que os jovens estão consumindo cada vez mais
precocemente as bebidas alcoólicas, fazendo parte de um ritual de
passagem entre a adolescência e a idade adulta. Nos últimos 5 anos os
números estatísticos revelaram um aumento de 30% de usuários entre os
jovens de 12 a 17 anos e de 25% entre os jovens de 18 a 24 anos. Na
década de 70 os jovens começavam a beber ao redor dos 15 anos, sendo que
nos últimos anos a ingestão se inicia a partir de 12 anos. A cerveja é a
bebida preferida e mais bem aceita. Segundo a Secretaria Nacional
Antidrogas (SENAD) os jovens alcoolizados constituem 80% das pessoas que
morrem em acidentes de trânsito ou homicídios. Vários estudos
demonstraram que as bebidas alcoólicas, de qualquer natureza podem
causar efeitos devastadores na saúde do usuário incluindo aumento da
incidência de câncer das mamas, do aparelho gastrointestinal, cirrose
hepática, depressão, maior risco de acidentes vasculares no cérebro,
envelhecimento precoce, etc. Todas essas condições mórbidas podem se
agravar se houver consumo concomitante de tabaco.
O
consumo exagerado e persistente pode levar a repercussões negativas
sobre a fertilidade masculina e feminina. No homem podem ocorrer: queda
da libido e do desempenho sexual, impotência, atrofia das células
produtoras de testosterona, dificuldade de ereção e alterações da
qualidade do sêmen. Na mulher existem várias repercussões
salientado-se a dificuldade para ovular, distúrbios menstruais, aumento
do risco de abortamento e possibilidade de mal formação fetal.Até o
nosso próximo artigo.Continuem enviando seus emails sugerindo temas:
durvalgoulart@uol.com.br
*Durval Goulart é Jornalista do Jornal Voz da baixada e
Juiz de Paz Eclesiástico do Conselho Federal de Juizes de Paz
Eclesiásticos do Brasil.