*Durval Goulart
Durante
boa parte do século XX, o município foi distrito do município de Nova
Iguaçu. No dia 3 de abril de 1990, a lei estadual número 1.640 foi
aprovada, sendo assim, Belford Roxo foi desmembrado politicamente de
Nova Iguaçu. O município de Belford Roxo foi instalado em 1 de janeiro
de 1993 e seu primeiro prefeito foi Jorge Júlio da Costa dos Santos, o
"Joca", que foi eleito com mais de 70 mil votos no município.
Habitadas
anteriormente pelos índios Jacutingas, as terras hoje pertencentes ao
município de Belford Roxo foram assinaladas pela primeira vez no mapa
elaborado por João Teixeira Albernaz II em 1566 entre os rios "Merith,
Simpuiy e Agoassu."
Na carta topográfica da capitania do Rio de
Janeiro, feita por Manoel Vieira Leão em 1767, aparece claramente nesta
região o Engenho do Brejo, que teve em Cristovão Mendes Leitão, desde
1739, um de seus primeiros ocupantes.
Cortado pelo Rio Sarapuí e,
como quase toda a Baixada Fluminense, cercado por pântanos e brejais,
possuía em sua margem um porto para escoamento da produção: açúcar,
arroz, feijão, milho, e aguardente, como lemos na primeira estatística
realizada no Brasil, no governo do Marquês do Lavradio, entre 1769 e
1779, mostrando que este engenho fazia parte da Freguesia de Santo
Antônio de Jacutinga.
Pertencia ao "Capitão Apolinário Maciel e seu
irmão, o padre Antonio Maciel, com 35 escravos, fabricando 25 caixas de
açúcar e 9 pipas de aguardente."
Sobre este rio de águas límpidas
com trechos encachoeirados, escreve monsenhor Pizarro: "Da Serra da
Cachoeira chamada Pequena, situada ao norte, por onde se divide a mesma
Freguesia com a de Santo Antônio de Jacutinga, e forma junto à Fazenda
de S. Mateus, um pântano, do qual nasce o Rio Pioim, cuja grossura por
curvas águas, ou descida de lugares altos, ou depositadas pelas chuvas.
Para
esse pantanal aflui a Cachoeira Grande, que se fermenta na Serra do
mesmo nome, e está nos limites da Freguesia de Jacutinga, e misturadas
umas às outras águas, confluindo igualmente às dos lagos e campos por
que passam, se ensoberbecem a ponto de negarem passagem a cavalo (em
direitura da Matriz), e permitem entrada a barcos grandes, impedindo
por isso o trânsito da Estrada Geral para o distrito da Freguesia do
Pilar, por cujo caminho se vai à Serra dos Órgãos, mandou a Câmara
fazer, em lugar que pareceu mais apto, uma ponte, para facilitar a
comunicação dos moradores do continente, e também o comércio das Minas
Gerais. Conservando a Cachoeira Pequena o seu nome, até se confundir
com o Rio Pioim , aí o perde, substituindo-lhe a denominação desse rio,
porque é conhecido até à estrada do território de Jacutinga, onde
principia a ser Rio de Santo Antônio; mas a Fazenda do Brejo, em que há
uma ponte, toma o apelido de Rio do Brejo e com ele chega à ponte do
distrito de Serapuí de cujo sítio continua com o nome de Rio de
Serapuí, até o mar."
Após uma sucessão de proprietários, em 1815, o
Padre Miguel Arcanjo Leitão, que era proprietário das terras, em apenas
um ano vendeu-as ao Primeiro Visconde de Barbacena Felisberto Caldeira
Brant de Oliveira e Horta, futuro Marquês de Barbacena.
Em 1843
Pedro Caldeira Brandt, o Conde de Iguassú (filho do Primeiro Visconde e
Marquês de Barbacena Felisberto Caldeira Brant de Oliveira e Horta)
assume a Fazenda após o falecimento do pai, que ocorreu na cidade do
Rio de Janeiro no dia 13 de julho de 1942. Pedro era casado com a
Condessa de Iguaçu, Maria Izabel Alcântara Brasileira, filha do
Imperador Pedro I com a Marquesa de Santos. Em 1851 A Família Caldeira
Brant vende a Fazenda do Brejo para o Comendador Manuel José Coelho da
Rocha. Na segunda metade do século XIX quando, devido a um surto das
epidemias, que assolaram a Baixada durante a Segunda metade do século
XIX, a fazenda entrou em decadência. O assentamento dos trilhos para a
passagem da estrada de ferro Rio D'ouro cortando a fazenda do Brejo em
1872, em terras doadas pelos descendentes de Coelho da Rocha, deram
início a um movimento de reivindicação para transformá-la em linha de
trem de passageiros, pois anteriormente esta ferrovia foi construída
para a captação de água nas serras do Tinguá, Rio D'ouro e São Pedro,
com colocação de aquedutos ao longo de sua margem.
HISTORICO DA
LINHA: A Estrada de Ferro Rio do Ouro foi construída para construir e
cuidar dos reservatórios e do abastecimento de parte da cidade do Rio
de Janeiro e foi aberta ao tráfego de passageiros em 1883. Inicialmente
saía do Caju e mais tarde passou a ter como início a estação de
Francisco Sá. Depois dessa mudança o seu curso inicial foi alterado e
ela passou a acompanhar de muito próximo a linha Auxiliar até a estação
de Del Castilho, quando se separavam as linhas. Na estação da Pavuna
elas voltavam a se encontrar. O trecho final, até Belford Roxo, era
compartilhado com os trens metropolitanos da Auxiliar (depois da
Leopoldina) em bitola mista. Em meados dos anos 1960 os trens da Rio de
Ouro, ainda a vapor, embora tenham sido feito testes com locomotivas
diesel, deixaram de circular. A Rio de Ouro, encampada pela Central do
Brasil nos anos 1920, tinha vários ramais e três deles sobreviveram
como trens de subúrbio até a mesma época da desativação da
linha-tronco: os ramais de Xerém, do Tinguá e de São Pedro (Jaceruba).
Parte de sua linha-tronco foi utilizada na construção da linha 2 do
metrô do Rio de Janeiro. A ESTAÇÃO: A estação de Belford Roxo foi
aberta pela E. F. Rio do Ouro, provavelmente com a linha, em 1883.
"Antiga fazenda do Brejo e anteriormente, Calhamaço, lembrando o antigo
canal do calhamaço aberto pelo Visconde de Barbacena (seu antigo
proprietário), e que formava um braço do Rio Sarapuy. Sua estação
recebeu este nome em homenagem a Raimundo Teixeira Belford Roxo, chefe
da 1ª divisão da inspetoria de águas. Havia em frente a esta estação um
artístico chafariz de ferro jorrando água, que o povo denominou de
"Bica da Mulata", cuja figura mitológica de uma mulher branca
sobraçando uma cornucópia oferecia aos passantes o líquido precioso,
que a oxidação do ferro transformou em "mulata", e era uma cópia da
estátua existente na Pavuna" (Segundo Guilherme Peres, pesquisador e
membro do IPAHB). Mais tarde, com a desativação da Rio de Ouro e sua
incorporação de seus trechos pela Central do Brasil através da linha
Auxiliar (que mais tarde foi passada para a Leopoldina, nos anos 1960,
até a incorporação dos subúrbios pela RFFSA, em 1971), a estação foi
ligada à estação da Pavuna, e a linha passou a ser contínua desde a
linha principal da Auxiliar. Atualmente (2003), há trens metropolitanos
da Supervias que seguem para Belford Roxo - que é estação terminal -
direto desde a estação Dom Pedro II. Até meados dos anos 1960, saíam de
Belford Roxo três linhas originárias da Rio de Ouro: os ramais de Xerém
e de Jaceruba. Destes hoje há pouquíssimos resquícios. A estação atual
foi inaugurada pelo ministro dos Transportes, Gal. Dirceu Nogueira, em
04/04/1978.Atualmente o prefeito é Alcides Rolim(PT).
*Durval
Goulart é Diretor de Comunicação Social da Prefeitura de Belford Roxo,
Colunista do Jornal Voz da Baixada e Editor do Jornal Giro Noticias. (www.blogdodurvalgoulart.blogspot.com)
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